Sou um grande fã da energia nuclear, mas esse é um argumento perigoso de se fazer sem reconhecer como os sistemas de energia realmente funcionam. Não temos um problema de energia; temos um problema de potência. Em muitas partes dos EUA, os preços da eletricidade no mercado atacadista já ficam negativos durante períodos ensolarados e com vento. Só a Califórnia reduziu a geração em mais de 3,4 TWh em 2024 — o que significa que, mesmo a US$ 0, não havia compradores. Isso representa uma limitação da rede e da utilização da energia. Observe a França em 2022: apesar da energia nuclear fornecer cerca de 65% da sua eletricidade, problemas de manutenção em toda a frota obrigaram o país a importar energia justamente no momento em que a Europa precisava de exportações. Uma frota impressionante é ótima, mas o risco sistêmico é real. Além disso, normalmente não operam com um fator de capacidade elevado (70%) e as tarifas de varejo na França são quase o dobro das da maioria dos lugares nos EUA (em geral, os reatores americanos são os mais bem operados do mundo, com o maior fator de capacidade, entre 90% e 95%). Os mercados de energia são incrivelmente complexos e a solução quase nunca é "simplesmente construir toneladas de X". Geração barata não se traduz automaticamente em tarifas de varejo mais baratas; em alguns casos, ela aumenta os custos do sistema, elevando a necessidade de transmissão, reservas de balanceamento ou capacidade de backup. O mesmo vale para "carga base": uma usina nuclear de 1 GW só faz sentido se puder operar quase 24 horas por dia, 7 dias por semana, considerando o perfil de carga diário e sazonal daquela região. Ninguém quer um ativo de bilhões de dólares subutilizado 25% do tempo. A geração de energia em instalações de mesma geração ou atrás do medidor para projetos dessa escala ainda está em aberto, pelo que sei — a maioria dos data centers ainda prefere uma conexão à rede para garantir a confiabilidade. Cargas flexíveis são uma tendência interessante, mas estou me desviando do assunto. Se existe um caminho para energia "tão barata que nem precisa ser medida", provavelmente não virá de uma única fonte de geração — virá do aumento drástico da utilização do sistema. Isso quase certamente significa baterias por toda parte, armazenando o excedente de energia ao longo do tempo, suavizando a volatilidade e permitindo que a rede absorva a energia de baixo custo que já sabemos produzir. A geração é importante, mas a potência, e não a quantidade de energia armazenada, é o verdadeiro gargalo. O que realmente importa é transportá-la.
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