Microsserviços é o golpe de confiança mais bem-sucedido da indústria de software. Convence pequenas equipes de que estão "pensando grande", enquanto destrói sistematicamente sua capacidade de agir. Lisonjeia a ambição ao instrumentalizar a insegurança: se você não está executando uma constelação de serviços, você é mesmo uma empresa de verdade? Não importa que essa arquitetura tenha sido inventada para lidar com disfunções organizacionais em escala planetária. Agora, ela está sendo prescrita para equipes que ainda compartilham um canal no Slack e uma mesa de almoço. Equipes pequenas funcionam com base em um contexto compartilhado. Essa é a sua maior vantagem. Todos conseguem raciocinar de ponta a ponta. Todos podem mudar qualquer coisa. Microsserviços eliminam essa vantagem logo de cara. Eles substituem o entendimento compartilhado pela ignorância distribuída. Ninguém mais é dono do todo. Cada um é dono de uma parte. O sistema se torna algo que simplesmente acontece com a equipe, em vez de algo que a equipe compreende ativamente. Isso não é sofisticação. É abdicação. Em seguida, vem a farsa operacional. Cada serviço exige seu próprio pipeline, segredos, alertas, métricas, painéis, permissões, backups e rituais de apaziguamento. Você não "implanta" mais — você sincroniza uma frota. Um bug agora exige uma autópsia de vários serviços. O lançamento de uma nova funcionalidade se torna um exercício de coordenação através de fronteiras artificiais que você inventou sem motivo algum. Você não simplificou seu sistema. Você o destruiu e chamou os destroços de "arquitetura". Microsserviços também perpetuam a incompetência. Você é forçado a definir APIs antes mesmo de entender o seu próprio negócio. Palpites se transformam em contratos. Más ideias se tornam dependências permanentes. Cada erro inicial se alastra pela rede. Em um monolito, o pensamento equivocado é corrigido com uma refatoração. Em microsserviços, o pensamento equivocado se torna infraestrutura. Você não apenas se arrepende — você a hospeda, a versiona e a monitora. A afirmação de que sistemas monolíticos não escalam é uma das maiores mentiras do folclore da engenharia moderna. O que não escala é o caos. O que não escala é a mera simulação de processos. O que não escala é fingir ser a Netflix enquanto se entrega um aplicativo CRUD glorificado. Sistemas monolíticos escalam perfeitamente bem quando as equipes têm disciplina, testes e moderação. Mas moderação não está na moda, e o tédio não rende palestras em conferências. Microsserviços para equipes pequenas não são um erro técnico — são uma falha filosófica. Anunciam, em alto e bom som, que a equipe não confia na própria capacidade de compreender o sistema. Substitui-se a responsabilidade por protocolos e o ritmo por middleware. Não se obtém "preparação para o futuro". Obtém-se, sim, um atraso permanente. E quando finalmente se alcança a escala que poderia justificar esse circo, a velocidade, a clareza e o instinto para o produto já terão desaparecido.
Carregando detalhes do thread
Buscando os tweets originais no X para montar uma leitura limpa.
Isso normalmente leva apenas alguns segundos.