A Costa de Iroise Dizem que o mar devolve o que lhe tirou. mas isso é algo que ela nunca aceitou por completo: apenas emprestado da tempestade, o quebrado casco, a carga perdida quando as ondas reclamaram tudo.
A cada primavera ele retorna em pedaços, Laranja como ferrugem, como um aviso, familiar como um desenho animado, estranho como qualquer ícone o oceano decide canonizar em seu evangelho frio e repetitivo.
Aquele sorriso forçado já não é tão evidente. esfregada com sal e estranha, seus olhos vazios e sem vida encarando para sempre passando pelo farol, passando pelos barcos de pesca, em nada, na tempestade que o gerou. para esta segunda-feira perpétua de chegada.
Os anciãos dizem que há uma ferida. Em algum lugar abaixo da superfície, uma barriga aberta e transbordando um suprimento inesgotável de pequenas devoções obsoletas, cada um deles caindo na escuridão para encontrar seu lugar entre os mexilhões, os cacos de vidro do mar, as moedas alisadas de catástrofes anteriores.
Ele sorri, esse peregrino letárgico. arrastado pelas ondas até as rochas de Finistère, ainda segurando o cordão umbilical enrolado que o conectava a vozes distantes.
Quarenta anos de peregrinação desde um túmulo de aço Repousando na caverna onde ninguém pensou em procurar. As crianças costumavam levá-lo para casa, esse ídolo. De uma época mais simples, agora pregador para os caranguejos. e estrelas-do-mar, oferecendo sua cautela cansada ao vento:
que nada afunda irremediavelmente, que o mar se lembra de cada dívida, aquilo que pensávamos ter perdido ou deixado para trás. fará desembarque, novamente, e mais uma vez.
