1/3 A Rússia e a nova administração dos EUA têm os mesmos objetivos: destruir a UE apoiando partidos extremistas e destruindo a Ucrânia como o último bastião e noção do mundo democrático. - Leitura longa de Valeriy Pekar - Nova Realidade: Uma Breve Visão Geral Levou uma semana para juntar as peças do caos que nos cerca. Agora, finalmente temos uma imagem mais clara. Embora este texto possa ser complementado com detalhes cruciais que surgirão mais tarde, estou publicando-o agora para apresentar esta nova realidade. Mas primeiro, faça um chá. Você precisará dele para chegar ao fim. 1. O fim da velha ordem mundial A ordem mundial baseada em regras, acordos e valores não existe mais. Nunca foi perfeita, mas funcionou - até agora. Explicar seu colapso requer uma análise separada, mas em resumo: os países desenvolvidos se beneficiaram dela, enquanto os em desenvolvimento buscaram desmantelá-la. Em algum momento, essas nações em desenvolvimento - lideradas pela China - começaram a se recuperar. Vendo isso, a nação desenvolvida mais forte, os EUA, decidiu mudar da preservação da velha ordem para o desmantelamento ativo dela. É por isso que o povo americano elegeu Trump — ele não é uma anomalia, mas a personificação dessa tendência. Antes, enquanto alguns desintegravam a estrutura, outros a reforçavam. Agora, a destruição está acontecendo de ambos os lados, acelerando o colapso. Neste "novo mundo sem ordem", os EUA não protegerão seus aliados europeus ou asiáticos. Não há mais alianças ou obrigações mútuas — apenas nações fortes tomando o que querem e nações fracas sofrendo as consequências. Pelo menos, é assim que o novo governo americano vê. Eles não são isolacionistas — são expansionistas. Suas reivindicações sobre a Groenlândia, o Canadá ou o Panamá não deveriam ser uma surpresa. É claro que este governo não é monolítico. Ele consiste em várias facções com valores e interesses diferentes, mas dois grupos principais se destacam: - O America First quer destruir a velha ordem mundial, mas fortalecer o Estado americano para dominar globalmente. - Os Oligarcas da Tecnologia (mais precisamente, tecnofascistas) querem destruir não apenas a ordem mundial, mas também o próprio Estado americano, para que suas corporações de tecnologia possam governar sem contestação. Essas facções divergem em relação a impostos, agências de inteligência e migração (os Tech Oligarchs precisam de talentos globais, enquanto a America First se opõe à imigração). Eles eventualmente entrarão em conflito, mas, por enquanto, estão unidos na destruição do antigo sistema. A nova América não quer mais ser a polícia do mundo. Não defenderá a democracia, não disseminará a educação nem desenvolverá instituições — ela só quer seus recursos. Anteriormente, essa era a estratégia da China. Agora, a América também a adota. Os EUA não acreditam mais no multilateralismo ou em instituições internacionais. A OTAN, a OMC ou mesmo a ONU podem em breve enfrentar a retirada americana. Musk argumentará que se trata de economizar fundos dos EUA, Trump chamará essas instituições de disfuncionais e a facção do Projeto 2025 alegará que os EUA podem lidar com ajuda e segurança sem burocratas. 2. O que isso significa para a Europa O pacto de segurança com a Europa — Pax Americana — acabou. Os EUA não veem mais a Europa como uma aliada, mas como um centro de poder concorrente. América, Rússia e China compartilham um interesse comum: enfraquecer, dividir e desmantelar a União Europeia. Eles querem dividi-la em mercados isolados e vulneráveis que possam ser explorados. Ainda não está claro como os EUA imaginam as esferas de influência europeias — se irão saqueá-las em conjunto ou se a Europa Ocidental será domínio exclusivo dos EUA, enquanto a Europa Oriental será entregue à Rússia (como durante a Guerra Fria). Mas o que está claro é que a UE precisa ser desmembrada. Para isso, os EUA apoiam abertamente os eurocéticos de extrema direita (a Rússia apoia tanto a extrema direita quanto a extrema esquerda). Se líderes individuais fortes emergirem na Europa pós-UE, os EUA cooperarão com eles. Por enquanto, porém, Washington... 1/3
2/3 ...não vê candidatos promissores na França, Alemanha ou Reino Unido. 3. O que isso significa para a Rússia. Os Estados Unidos veem a China como seu maior adversário. Isso levou ao que considero o maior erro geopolítico do século XXI: a crença de que a Rússia pode se voltar contra a China. Todos os governos americanos tentaram inicialmente um "reset" com a Rússia, tratando-a erroneamente como parte da civilização ocidental. Esses esforços sempre falharam — mas somente depois que muitos danos foram causados. O maior medo do atual governo americano é o colapso do regime russo. Impedir isso agora é uma prioridade. Há dois anos, alertei que o medo dos Estados Unidos de que a Rússia perdesse em breve superaria o medo de que a Ucrânia perdesse. Esse momento chegou. Em seu primeiro mês no cargo, Trump pôs fim ao isolamento internacional da Rússia. Em vez de tratá-la como um Estado agressor e terrorista, ele apresentou a Rússia como uma nação poderosa que merece um assento à mesa. As sanções podem ser suspensas em breve. Imagine se, durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA tivessem enviado emissários para se encontrar com Hitler em vez de apoiar a Grã-Bretanha, alegando que a Polônia e a França eram culpadas por sua própria invasão. É onde estamos agora. 4. O que isso significa para a Ucrânia Primeiro, o apoio dos EUA à Ucrânia acabou — independentemente de quem vencer a próxima eleição. Alguns ucranianos acreditam que partes do governo americano "odeiam" a Ucrânia, enquanto outros a "amam". Essa é uma visão infantil. A realidade é que a Ucrânia é simplesmente irrelevante para eles. Os EUA agora têm dois objetivos: - Enfraquecer a Europa para torná-la indefesa. - Fortalecer a Rússia para usá-la contra a China. A Ucrânia está no caminho de ambos os objetivos — portanto, deve ser punida. Uma nova metáfora que está ganhando força em Washington compara a guerra à Guerra Civil Americana. Nessa visão, a Ucrânia é uma província rebelde do sul, e a União vitoriosa (Rússia) acabará por impor a ordem. Potências estrangeiras (EUA e UE) devem ficar de fora de uma "guerra civil". 5. O que a Ucrânia deve fazer? - Parar de esperar "conquistar" o governo americano. A Ucrânia é um obstáculo aos seus planos, não uma parceira. Não há nada a oferecer-lhes. - Aceite que a ajuda dos EUA está a terminar. As consequências completas serão dolorosas, muito para além da perda da USAID. Mas não há forma de impedir isso. - Volte-se para a Europa. A Europa não pode sobreviver sem a Ucrânia, e a Ucrânia não pode sobreviver sem a Europa. Devem manter-se unidas ou cair juntas. - Procure aliados para além dos EUA e da UE. A Turquia é um ator fundamental. Outros potenciais aliados devem ser identificados. A Ucrânia deve priorizar a sobrevivência em vez da ideologia. 6. O próximo passo da Rússia: guerra política. Como a Rússia não pode derrotar a Ucrânia militarmente, tentará fazê-lo politicamente. É por isso que forçar a Ucrânia a realizar eleições antes de um acordo de paz seguro é desastroso. Os EUA e a Rússia estão agora alinhados na promoção da ideia de "primeiro as eleições, depois a paz" — porque é a forma mais barata de destruir a Ucrânia. Se a Ucrânia entrar em colapso, não perderá apenas o estatuto de Estado — perderá milhões de vidas. A Rússia mobilizará todos e lançará uma nova onda de expansão imperial — desta vez para uma Europa indefesa. Trump quer um Prémio Nobel da Paz. Ele acredita que um cessar-fogo é suficiente para vencer. Mas mesmo que um acordo de paz seja assinado e depois rompido, ele culpará apenas a Ucrânia por rejeitar seu "maior plano de paz". 7. O que deve ser feito? - Reconhecer a crise — a Ucrânia enfrenta uma ameaça existencial. As disputas políticas internas devem acabar e a liderança deve unir a nação em prol da sobrevivência. - Manter uma posição forte e independente. A Ucrânia não aceitará quaisquer termos que coloquem em risco sua sobrevivência. - Melhorar a governança e a eficiência em todos os setores — militar, econômico, indústria de defesa e energia. - Mobilizar aliados enquanto ainda há tempo, com a Europa como prioridade... 2/3
3/3 E para cada ucraniano: - Sirva no exército ou apoie-o. - Mantenha a mente limpa — não caia na propaganda russa. - Ajude os necessitados — a resiliência vem da união. Como Gandalf disse uma vez: "Não podemos escolher o tempo em que vivemos. Só podemos decidir o que fazer com o tempo que nos é dado." 3/3